Em tempos de crise energética, nas ensolaradas favelas cariocas surge uma iniciativa pioneira para promover o desenvolvimento sustentável a partir da geração compartilhada de energia solar.
A primeira cooperativa solar em favelas do Brasil, que começou a operar no mês passado, irá beneficiar 34 famílias das comunidades da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul do Rio de Janeiro.
Os painéis solares (fotovoltaicos) com potência de 26 kWp/ano (Quilo-Watt-pico) foram instalados no telhado da Associação de Moradores da Babilônia.
A energia gerada é injetada na rede elétrica e convertida em créditos de energia, para essas famílias, que terão o valor das suas contas de luz reduzido à metade. O público-alvo do projeto é o segmento de moradores da favela que paga pela energia de forma regular.
O modelo de geração compartilhada, representado pela cooperativa, além de ser mais viável técnica e economicamente do que o modelo de instalações individuais, também harmoniza com as tradições de coletividade, cooperação e autogestão das favelas cariocas.
Por ano a economia para a cooperativa será de até R$ 30 mil reais. Para cada família, a economia será de R$ 80 reais por mês. Segundo uma pesquisa feita pela própria ONG, 80% dos consumidores regularizados na Babilônia têm dificuldades de arcar com as despesas com energia.
Parte das economias obtidas pelos moradores será revertida em taxas de manutenção para a cooperativa, que irá compor um Fundo Comunitário.
Destes recursos, serão pagos os custos de operação da cooperativa, bem como a remuneração dos trabalhadores locais que atuam no projeto – instaladores solares, eletricistas, embaixadores e professoras –, além de financiar a expansão das instalações solares na comunidade.
O diretor-executivo da ONG, Eduardo Ávila, explica que o potencial técnico de geração de energia solar nos telhados da favela da Babilônia (2,6 GWh/ano) é suficiente para atender a demanda energética de toda a comunidade (2,4 GWh/ano).
“Nosso objetivo é replicar esse modelo de geração compartilhada em outras comunidades e para isso esperamos a parceria das distribuidoras de energia e de empresas do setor privado”.
Além da economia na conta de luz, o projeto desenvolvido pela ONG Revolusolar, promove a geração de empregos e educação ambiental para crianças e adolescentes da comunidade.
No ano passado, o idealizador do projeto, o economista Eduardo Ávila, de 25 anos, foi um dos cinco finalistas do prêmio Jovens Campeões da Terra na América Latina e Caribe, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Para viabilizar a implementação do equipamento foi feita uma campanha de crowdfunding, onde foram arrecadados quase R$ 90 mil.
Desde 2013, a geração distribuída solar fotovoltaica cresceu a uma taxa média de 230% ao ano no Brasil, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).